13 de jul. de 2012

A diminuição do número de católicos

Cresce o número dos que abandonam a fé católica

O IBGE publicou que o número de católicos no Brasil, segundo o censo de 2010, caiu para 123,3 milhões, cerca de 64,6% da população.

Na verdade esses números não nos assustam e nem nos surpreendem diante da realidade que vivemos. Na verdade, quantos católicos, de fato, participam da Missa aos domingos, se Confessam, Comungam e vivem os 10 Mandamentos? Creio que não chegam a 20%.



Vários são os fatores que causam este fenômeno.

Ignorância religiosa – é o principal deles, sem dúvida. A maioria que se diz católica, na verdade o são apenas de estatística; não conhecem os dogmas, a doutrina, a história da Igreja, etc. Não é sem razão que o Papa anunciou o “Ano da Fé” com o objetivo principal de enfrentar esse analfabetismo crônico. São Paulo disse que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm3,15). Mas muitos católicos não sabem que esta Igreja, a que São Paulo se referia, era aquela que Cristo fundou sobre Pedro e os Apóstolos, e que as demais não foram instituídas por Jesus, mas por outros homens. Os que abandonam a fé católica nunca a conheceram de verdade.

Mas, por que muitos católicos são analfabetos da fé que professam? Várias são essas causas. A principal, me parece, a falta de uma boa catequese às crianças e aos jovens. E isto acontece, há muitos anos, porque, logicamente, faltaram e faltam bons catequistas. Os primeiros deveriam ser os pais, mas, infelizmente muitos deles também não receberam formação religiosa. Já não se reza mais em família, e os pais já não ensinam a doutrina básica para os filhos. Ligado a isso está a destruição da família católica, especialmente pela mídia imoral, devastadora dos bons costumes e da moral católica, incentivando um relativismo moral degradante e um permissivismo doentio.

A mídia de modo geral estimula uma vida de conforto, relaxada, regalada, usufruindo de todos os prazeres sem limites e sem regras. É claro que num contexto desse não vale a pena ser católico; não vale a pena adotar uma religião que exige uma moral rígida, autocontrole, vida de oração, jejum e sacrifícios.

Infelizmente ficamos sem uma boa catequese há muito tempo. A difícil situação social da América Latina gerou entre nós nos últimos 50 anos uma falsa “catequese renovada”, trazendo no seu bojo mais sociologia e política do que teologia, esvaziando e politizando a fé. O povo católico ficou à mingua de uma catequese verdadeira, baseada no Credo, nos Sacramentos, nos Mandamentos e na Oração, como pede o Catecismo. O povo ficou à mingua de uma sadia espiritualidade e foi busca-la nas seitas. Uma certa “teologia marxista da libertação”, que confunde a libertação espiritual com a libertação política, e o estabelecimento do “Reino de Deus” na terra com a implantação uma sociedade socialista e igualitária, influenciou tremendamente quase todos os Seminários do pais; prejudicando essencialmente a sua formação de muitos sacerdotes.

As homilias e catequeses deixaram de falar do pecado, do sexo fora do casamento, do céu, do inferno, do purgatório, da vida eterna, dos sacramentos, dos mandamentos, da oração…, e tudo se voltou para o social. Por isso o frei Cantalamessa, pregador do Papa chegou a dizer que a Igreja na América fez uma opção pelos pobres, mas estes fizeram uma opção pelas igrejas evangélicas. Por que nelas se fala de Deus e de tudo que foi excluído da catequese católica.

Esqueceu-se que a Igreja não foi instituída por Jesus para resolver os problemas políticos, econômicos e sociais, mas para “salvar as almas” da morte eterna. Esqueceu-se que Jesus não é o “revolucionário de Nazaré”, mas o “Redentor dos homens”, que tira o pecado do mundo, como disse João Paulo II em Puebla. “A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

Em 1996, falando aos bispos do Brasil (Regionais Nordeste I e IV), sobre a “ameaça das seitas, o beato João Paulo II, falou desse grave “esvaziamento espiritual”. Disse aos bispos, entre outras coisas:

“A difusão das seitas não nos interroga se tem sido manifestado suficientemente o senso do sagrado?”

“Vosso povo, caríssimos irmãos no episcopado, quer ver os padres como verdadeiros Ministros de Deus, inclusive na sua veste e no seu modo externo de proceder. Ele quer ver o homem de Deus nos ministros de sua Igreja, uma presença que lhes inspire amor, respeito, confiança. O povo tem direito e isso pode exigi-lo de seus pastores. O que os homens querem, o que esperam é que o sacerdote com o seu testemunho de vida e com sua palavra, lhes fale de Deus”.
“O ministério da Palavra, que está intimamente ligado à Liturgia Eucarística (cf. SC, 56), contenha sempre, do início ao fim, uma mensagem espiritual. É certo que há tanta gente que não possui o suficiente para acalmar a própria fome, mas, ordinariamente, o povo tem mais fome de Deus que do pão material, pois entende que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4)”.
“Não estaria havendo uma certa acomodação deixando de ir em busca das ovelhas que estão afastadas? Ao contrário da parábola evangélica, não é uma e outra que está tresmalhada, mas é uma parte do rebanho”.

Outro fator que destrói a fé católica hoje se encontra nas universidades. A maioria delas, com raras exceções, possuem professores que desconhecem a real História da Igreja e despejam sobre os alunos calúnias e mentiras sobre ela, gerando neles ódio e aversão à Igreja. Depois, esses jovens, futuros jornalistas, escritores, artistas, profissionais liberais, passam a ser maus formadores de opinião; se incumbem de destruir nos corações dos jovens leitores, telespectadores e internautas a fé católica e o amor a Igreja. Ela é mostrada a eles como a “megera da história”, a sanguinária, a culpada de todos os males, quando, na verdade, ela salvou e construiu a Civilização Ocidental a partir da queda do Império Romano do Ocidente.

Outro fator preponderante nesta debandada de católicos para outras comunidades não católicas, é sem dúvida o contra testemunho de muitos católicos: leigos, sacerdotes e até alguns bispos. Nada pior para a fé católica do que isso, especialmente quando parte de um religioso. Penso que nem preciso explicar as razões disso.

Mais um fator devastador para a fé católica são aqueles que dividem a Igreja Católica, não aceitando a orientação do Magistério da Igreja, se opondo ao Papa e às normas da Santa Sé. Infelizmente há muitos dentro da Igreja que se acham mais iluminados e preparados do que o Papa e ousam enfrentá-lo acintosamente. O nosso Papa disse que os piores inimigos da Igreja estão dentro dela.

Diante disso tudo a Igreja não desanima e não se desespera; ela sabe que Jesus ressuscitado caminha com ela para salvar a humanidade. O Papa João Paulo II propôs uma NOVA EVANGELIZAÇÃO, que Bento XVI a impulsiona vivamente. Pedia o Papa beato uma evangelização “com novo ardor”, “novos métodos” e “nova expressão”, e graças a Deus isso tem acontecido. Os Seminários estão se enchendo. O número de padres está crescendo sensivelmente; padres novos, ardorosos, renovados. São jovens que buscam o sacerdócio com convicção e não por conveniência ou dúvidas outras. A Igreja renasce com os “Novos Movimentos” e as “Novas Comunidades”, como disse João Paulo II, “a resposta do Espírito Santo para o novo milênio”.

Há que se priorizar nesse trabalho de resgate dos católicos o “ministério da acolhida”, os sinais exteriores da fé católica, as homilias bem feitas, etc., como Papa João Paulo II pediu aos bispos em 1996.

Nosso Papa atual tem pedido uma Igreja de qualidade mais que de quantidade; porque a Igreja é como a pequena colher de fermento que leveda toda a massa; frágil e potente como um grão de mostarda.

Prof. Felipe Aquino